terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Entrevista com CAMILO AGGIO

Entrevista Camilo Aggio  
Portal R7

Com a vitória de Barack Obama ao cargo de presidência dos Estados Unidos, ficou perceptível ao mundo inteiro o grande poder que a internet possui de mobilizar as pessoas a chegarem a um denominador comum, principalmente em um assunto que causa tantas controvérsias, que é a eleição a um cargo político.


















Nesse ano de 2010, com o Brasil em ritmo de eleições e seguindo o sucesso alcançado por Obama, os candidatos aos cargos políticos vêm usando demasiadamente o que os especialistas chamam de redes sociais online, dentre as quais estão o Facebook, My Space, Twitter, onde eles promovem os seus projetos e políticas públicas, o que de certa forma promovem certa proximidade com os seus eleitores.
Com vista nesse fenômeno e percebendo a precariedade nas bibliografias sobre esse assunto no Brasil, Camilo Aggio, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia (Ufba) é, hoje, um especialista em campanhas online  também pela UFBA. 

Leia abaixo os trechos da entrevista concedida aos alunos do curso de Comunicação Social, do 2° semestre, da Universidade do Sudoeste da Bahia - UESB

Luis Pedro- Quais as vantagens e as desvantagens do uso das novas tecnologias da comunicação na campanha eleitoral de 2010?
Camilo Aggio- Bom, eu não consigo enxergar exatamente desvantagens das campanhas online (utilização da internet por partidos e candidatos nas campanhas eleitorais) para sociedade civil, para o cidadão, na medida em que grande parte da utilização que se tem feito de recursos da internet por partidos e candidatos acaba por se promover um maior fluxo de informacional político relevante (projetos, posicionamentos).Não obstante disso também proporciona que os candidatos estejam mais responsáveis, transparentes, e assim estejam mais submetidos  ao crítico ou à critica do eleitor.Por exemplo , em 2008 não possuímos uma legislação virtual que impunha um anacronismo muito grande nas campanhas online do Brasil.Então, até 2008, os candidatos e partidos  só poderiam usar os websites; era vetada a utilização de qualquer outro recurso como por exemplo as redes sociais online como o Facebook, Orkut, Twitter e o MY Space, etc. Então isso impunha aos candidatos uma restrição muito grande no alcance dos eleitores com os quais eles gostariam de se comunicar. Se hoje estamos na internet estamos basicamente nas redes sociais online. Nós somos o país que mais utiliza esse tipo de coisa. Então alguns candidatos têm a possibilidade de chegarem próximos de nós. Nós temos a possibilidade de aceitar e acompanhar esses sujeitos cotidianamente. Enfim, para a sociedade civil vejo pouca desvantagem. Para as campanhas existem algumas desvantagens, em termos estratégicos de propagandas, pois quanto mais transparentes, mais suscetíveis a constrangimentos, a respostas. Então você tem uma situação de muito mais constrangimentos e a possibilidade de eles terem de se posicionar muito mais que seria se eles não tivessem acesso a esses novos meios comunicacionais.

Juraci (portal R7)- Assim como o nosso veículo de informação, o uso das tecnologias também ajuda a política a propagar informações. Apesar disso, o senhor considera que, como a maioria dos que acessam os portais online são jovens, esse público, para a política, segue essa mesma tendência, ou já é algo mais abrangente?
Camilo Aggio- Creio que seja mais abrangente. Não acredito que seja apenas jovem. Não teria uma análise quantitativa para oferecer. As pessoas que acompanham o Twitter e que desenvolvem uma conversação em torno dos temas políticos eleitorais não são apenas jovens. Essas informações se dão de uma maneira muito complexa e espalhada, e não respeita exatamente uma faixa etária restrita.

Murilo (Caros Amigos)- Os partidos políticos tem feito largo uso dessas novas tecnologias em favor das suas campanhas. Desses meios, quais seriam os mais eficazes para alcançar o público e qual vem sido a resposta do público perante as campanhas online?
Camilo Aggio- Por um longo período de tempo nós só tínhamos apenas os WEBSites, como eu tinha dito anteriormente, então nós tínhamos um grande problema, nós tínhamos que usar outros mecanismos e não apenas a internet para atrair a atenção dos eleitores.Eles teriam que entrar no GOOGLE e digitar o nome do candidato e ainda assim rezar para que nas primeiras ocorrências aparecessem seu WebSites oficial. Nós estamos entrando em uma fase aonde nós não vamos mais atrás da informação, nós nos deparamos com ela. Então sem dúvida, o meio mais eficaz para atingir o público são as redes sociais, onde se tem a possibilidade de compartilhar e de propagar de uma maneira impressionante qualquer tipo de informação política e de natureza diversa e inclusive aquelas satíricas, divertidas, cômicas. Por exemplo, eu falava de constrangimentos e de situações não planejadas e o modo como as campanhas teriam que lidar com isso. Se por um lado é muito bom, porque você se aproxima do seu público, tem a possibilidade de estabelecer uma comunicação direta. Por outro lado, você também está sujeito a constrangimentos, por exemplo, um militante ou algum eleitor simplesmente circunstancialmente engajado na campanha do José Serra, criou um headtags “Pergunte ao Serra”, que é uma proposta totalmente legítima. No entanto subestimaram o caráter, a sociabilidade extrovertida do Twitter. As pessoas fazem piadas, brincam. Então o que era para ser um ‘pergunte ao Serra’ para esclarecer dúvidas e solicitar ao Serra esclarecimentos os seus projetos de políticas públicas ou posicionamentos acabou virando uma grande piada. O “Pergunte ao Serra’’ começou a ser disseminado para a utilização de perguntas bobas para ele, como por exemplo: “Serra, par ou ímpar?”, “Serra, quanto você cobra para assombrar uma casa de 6 cômodos?”. Então, as redes sociais é o modo mais eficaz, é que nós estamos chamando de WEB 2.0 , cujo pressuposto é você criar primeiro esse laços que chamamos de redes sociais online , mas também a produção e compartilhamento de conteúdos de um modo dinâmico e efetivo que ninguém controla.


Thais ( Jornal a semana) - A internet é um veiculo cada vez mais utilizado nas campanhas políticas. Qual sua opinião sobre a utilização do Youtube nas campanhas?
Camilo Aggio - Fundamental. Primeiro porque se tem um grande problema, os candidatos não podem produzir demais, porque custa caro e a exemplo de um web site, você teria que atrair o espectador a procurar assistir aquele vídeo, então tem que haver uma predisposição daquela pessoa em querer saber de determinado candidato. Com o youtube isso é muito mais eficaz, porque basta você ter um blog e deixar o link lá para as pessoas poderem conhecer. E não apenas isso, com o barateamento de publicação com essa efetividade, no que diz respeito à quantidade de pessoas que podem assistir a esse vídeo, eles podem traçar de políticas publicas de seus posicionamentos, podem fazer sobre aliados políticos ou determinados grupos como os ambientalistas. Portanto existe uma grande diversidade no que diz respeito ao que você pode produzir a partir do formato áudio visual. Não obstante a forma como os partidos utilizam isso, há a possibilidade de se produzir, sobre determinados assuntos ligados as campanhas, e existe também essa versão extrovertida que poder pegar o que o candidato diz, e colocar em outro contexto.


Katarina -Como é feito o uso de torpedos para promover a figura de um candidato?
Camilo Aggio - Existe ainda pouco registro da utilização desses SMS. Como esse tipo de coisa foi utilizada na campanha do Obama, que é o grande ícone nessa historia? Primeiro eles faziam um evento eleitoral, um comício ou uma reunião de militantes. Os eleitores iam para ouvir o que o candidato tinha a dizer e recebiam um papel com dois números de telefone para os quais eles deveriam enviar uma determinada mensagem. Eles tinham um banco de dados, com números de pessoas que estavam indecisas quanto ao voto, e pediam a essas pessoas que se identificavam com o Obama, para enviar a mensagem para pessoas conhecidas da pessoa.
No Brasil o que acontece é que os partidos acabam mandando e se identificando até. E o nível de rejeição é enorme. Não vejo ainda uma utilização eficaz disso, nem do ponto de vista político nem democrático.

Jobeslane (Jornal à tarde)-Segundo a tendência das eleições de 2008 para presidente nos Estados Unidos, a justiça eleitoral brasileira, permitiu a propaganda política na internet. O que realmente é permitido?
Camilo Aggio -  Tudo é permitido na internet. Há apenas uma pequena restrição que diz respeito a web site que você tem que registrar no TSE, e 48 horas antes das eleições ele deve sair do ar, mas as demais redes sociais, não tem nenhum tipo de legislação, onde tudo é liberado, a não ser é claro, da questão do anonimato, da calúnia. Do candidato se sentir ofendido e assim, ter direito de resposta. A internet é vista como uma espécie de praça publica, onde os sujeitos falam o que acham que devem falar, respeitando a liberdade do outro. Apoiando quem eles quiserem apoiar. Parece-me que eles não podem pedir voto, mas na internet a liberdade é mais absoluta.

Genisvaldo (Jornal Nacional)- Quais os cuidados que se deve ter ao usar essas novas tecnologias da comunicação para divulgar suas propostas?
Camilo Aggio - A internet possibilita que os partidos e os candidatos tenham controle absoluto do tempo e do espaço que utilizam. Então se no horário político se tem um tempo restrito, no caso de Marina, que é de um minuto e pouco, isso é um tempo irrisório para você tratar de propostas, ou de pelo menos você apresentar argumentos razoáveis que sustentem suas propostas. Ela tem um espaço total e absoluto dentro do seu web site, dedicado a oferecer informações. E poderia até, colocar vídeo no youtube para pode complementar aquilo que foi dito no Horário gratuito. Uma estratégia boa para a candidata Marina seria ela ter usado 10 segundos do seu tempo na televisão e chamar o telespectador para acompanhar a continuação daquele vídeo no youtube. Devem tomar todos os cuidados possíveis, com certeza devem ter assessor que o orienta para não cometer nenhuma arbitrariedade.
Por : Emanuelle Félix, Juraci Santana e Márcia Andréia

Caricatura

Caricatura é um desenho de um personagem da vida real, tal como políticos e artistas. Porém, a caricatura enfatiza e exagera as características da pessoa de uma forma humorística, assim como em algumas circunstâncias acentua gestos, vícios e hábitos particulares em cada indivíduo.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Caricatura



Exemplos:



Carta ao Leitor

Em jornais, livros e revistas, a carta ao leitor quase sempre vem na primeira página, para que o leitor leia essa mensagem antes de começar a leitura do livro, revista, etc. Nos sites, a carta ao leitor, está na primeira página do site. Vc entra no site e vê logo um texto com o nome "carta ao leitor".

Exemplo:

Bom mas insuficiente
 


O governo anunciou, na semana passada, o esperado pacote de medidas destinadas a turbinar o ritmo de crescimento da economia brasileira. O conjunto é um notável esforço gerencial que ordena, explicita, define metas e facilita seu acompanhamento e cobrança. Em resumo, as medidas, se implementadas como em sua concepção original, vão aumentar a eficiência da máquina governamental. Isso é bom. Muito bom. Sucessivos governos brasileiros sofrem há décadas de uma crônica falência geral de órgãos quando se trata de executar planos. Mas é insuficiente. O pacote azeita um modelo de Estado caro, baseado no financiamento das iniciativas pelo aumento constante dos impostos e com participação apenas pontual da iniciativa privada.
Para não perder oportunidades, um país inserido na economia global precisa de muito mais do que uma máquina velha restaurada. Os economistas utilizam uma feliz expressão para definir o esforço, às vezes excruciante, de tentar manter em funcionamento um sistema obsoleto: "Dependendo do motor, até tijolo voa".
A Alemanha Oriental sob o comunismo era um "tijolo voador". Os moradores do lado oriental do Muro de Berlim tinham quase o mesmo número per capita de automóveis que os moradores do lado ocidental. A diferença? Os do lado ocidental eram Porsche e Mercedes-Benz. O modelo dominante do lado oriental era o Trabant – cada um poluía como dois ônibus urbanos modernos, não tinha chave de ignição nem marcha a ré. Bastou cair o Muro para que a realidade se impusesse, e o que parecia avanço sob o isolamento da pax sovietica se mostrou o mais cru atraso.
Nos anos 90, ao debelar a inflação, abrir a economia, privatizar estatais e aprovar a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Brasil derrubou seu Muro de Berlim. Agora precisa avançar. Isso se faz com o aumento da eficiência não apenas do governo, mas de toda a economia. A receita para isso é conhecida: deter o rombo da Previdência, gastar melhor o que o governo já arrecada – para, assim, poder diminuir a carga de impostos, que passa de 40% do PIB – e modernizar as relações trabalhistas. Um trabalho prioritário para Executivo, Legislativo, Judiciário e a sociedade tocarem juntos – e em regime de urgência.

Fonte: http://veja.abril.com.br/310107/cartaleitor.html

Exemplo de Crônica

Amor Corinthiano

Era uma tarde de domingo, o sol aquecia os corações dos torcedores mais apaixonados, em goiânia. Era a definição do campeonato Brasileiro de 2010. Corinthians e o sonho do titulo e o já rebaixado Goiás. Além de ser palco para um espetaculo, o jogo ficou na memória dos que ali estiveram.
 Marcos e Elisa, corinthianos natos, nascidos em São Paulo, compareceram ao último jogo do time no campeonato. Em meio a todo o drama e sofrimento que já é caracteristico em seus jogos, este não ficou atrás, e foi também a flor da pele:
 - Marcos, e ai como está o jogo do Fluminense?
- (ele acompanhando pelo celular): O Guarani virou o jogo, e está de 2 a 1.
- Não acredito! Esse ano o campeonato é nosso -Elisa grita- Timão êô...
 O juiz encaminha o jogo para os minutos finais, o corinthians vence por 1 a 0. Com o gol mas bonito do time no ano, feito por Ronaldo.
 A torcida se agita e se anima virando, mais do que nunca, uma familia só.
 Marcos e Elisa comemoram demas, a alegria é contagiante vindo do sorriso e a emoção de ambos. Depois de quatro anos de namoro e ali em meio a toda a comemoração e emoção, Marcos diz a Elisa:
 - Em meio a comemoração do titulo de uma grande paixão e de frente para o meu grande amor, eu lhe pergunto, aceita se casar comigo?
 Muito emocionada e sem palavras, ela aceita. E ali em meio a comemoração do Pentacampeonato Corinthiano, o amor e a paixão pelo time une dois corações Paulistanos.


Crônica Feita por: Márcia Andréia

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O que é uma crônica?

Crônica: um gênero literário
       A crônica é um gênero literário que, a princípio, era um "relato cronológico dos fatos sucedidos em qualquer lugar"1, isto é, uma narração de episódios históricos. Era a chamada "crônica histórica" (como a medieval). Essa relação de tempo e memória está relacionada com a própria origem grega da palavra, Chronos, que significa tempo. Portanto, a crônica, desde sua origem, é um "relato em permanente relação com o tempo, de onde tira, como memória escrita, sua matéria principal, o que fica do vivido"2.
        A crônica se afastou da História com o avanço da imprensa e do jornal. Tornou-se "Folhetim". João Roberto Faria no prefácio de Crônicas Escolhidas de José de Alencar nos explica:

"Naqueles tempos, a crônica chamava-se folhetim e não tinha as características que tem hoje. Era um texto mais longo, publicado geralmente aos domingos no rodapé da primeira página do jornal, e seu primeiro objetivo era comentar e passar em revista os principais fatos da semana, fossem eles alegres ou tristes, sérios ou banais, econômicos ou políticos, sociais ou culturais. O resultado, para dar um exemplo, é que num único folhetim podiam estar, lado a lado, notícias sobre a guerra da Criméia, uma apreciação do espetáculo lírico que acabara de estrear, críticas às especulações na Bolsa e a descrição de um baile no Cassino."3

        O folhetim fazia parte da estrutura dos jornais, era informativa e crítica. Aos poucos foi se afastando e se constituindo como gênero literário: a linguagem se tornou mais leve, mas com uma elaboração interna complexa, carregando a força da poesia e do humor.
        Ainda hoje há a relação da crônica e o jornalismo. Os jornais ainda publicam crônicas diariamente, mas seu aspecto literário já é indiscutível. O próprio fato de conviver com o efêmero propicia uma comunicação que deve ser reveladora, sensível, insinuante e despretenciosa como só a literatura pode ser. É "uma forma de conhecimento de meandros sutis de nossa realidade e de nossa história..."2.
        No Brasil, a crônica se consolidou por volta de 1930 e atualmente vem adquirindo uma importância maior em nossa literatura graças aos excelentes escritores que resolveram se dedicar exclusivamente a ela, como Rubem Braga e Luís Fernando Veríssimo, além dos grandes autores brasileiros, como Machado de Assis, José de Alencar e Carlos Drummond de Andrade, que também resolveram dedicar seus talentos a esse gênero. Tudo isso fez com que a crônica se desenvolvesse no Brasil de forma extremamente significativa.
           Na crônica, "Tudo é vida, tudo é motivo de experiência e reflexão, ou simplesmente de divertimento, de esquecimento momentâneo de nós mesmos a troco do sonho ou da piada que nos transporta ao mundo da imaginaçãp. Para voltarmos mais maduros à vida..."4.

 
1 - Afrânio Coutinho - "A literatura no Brasil" - Volume III - RJ: Livr. São José, 1964.
2 - Davi Arrigucci Jr. - "Fragmentos sobre a crônica" - Folha de São Paulo, 01/05/87.
3- João Roberto Faria no prefácio (Alenaar conversa com os seus leitores) de "Crônicas escolhidas - José de Alencar" - São Paulo: Ed. Ática e Folha de São Paulo, 1995.
4 - Antônio Cândido no artigo "A vida ao rés-do-chão".
Fonte: http://www.sitedeliteratura.com/Teoria/cronicas.htm
Exemplo:

Recado ao Senhor 903
“Vizinho,Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito a repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor; é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos: apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão: ao meu número) será convidado a se retirar às 21h45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois as 8h15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará ate o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada: e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio.
[...] Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: ‘Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou’. E o outro respondesse: ‘Entra vizinho e come do meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela’.
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.”

(Rubem Braga. "Para gostar de ler". São Paulo: Ática, 1991)

Exemplo de Editorial

Editorial: Quem prejudica o Brasil?

A direita brasileira continua muito atuante, tem uma agenda própria e articula ataques em várias frentes contra o que pode ameaçar seus interesses. O oligopólio da mídia neoliberal-burguesa expressa exatamente o que quer e o que faz a direita, que atua nas instituições públicas, nos poderes da República, nos bastidores da política e da economia. A direita cuida especialmente da defesa do capital, das vantagens econômicas do empresariado, dos privilégios patrimoniais das elites e do poder político das oligarquias.

Desde o final do ano passado a direita brasileira cerrou fileiras para enterrar de vez o esclarecimento dos crimes praticados pelo Estado na ditadura militar (1964-1985), em especial o que foi suscitado pelo 3º Programa Nacional dos Direitos Humanos, lançado em dezembro, e que levou o presidente da República a fazer alterações ao gosto dos setores mais reacionários. A direita não quer saber de Comissão da Verdade e da Justiça, não quer passar a limpo a história da prisão, tortura, morte e desaparecimento de opositores políticos.

A direita ataca as propostas de democracia participativa, tudo o que possa aperfeiçoar o sistema representativo e assegurar ao povo o papel de sujeito da história. A direita critica a realização de conferências nacionais que possibilitam a formulação de políticas públicas, assim como as propostas de plebiscitos e referendos para as grandes definições nacionais.

Amarrada aos pontos do Consenso de Washington, mesmo com o fracasso e a crise do neoliberalismo em todo o mundo, notadamente na América Latina, a direita brasileira continua defendendo a privatização de serviços públicos, rodovias, portos, aeroportos, educação e saúde – apesar da péssima prestação de tais serviços pelas empresas privadas.

Ao mesmo tempo rejeita, com muita força, todas as medidas que possam melhorar as condições de vida e trabalho do povo brasileiro. No momento, ataca a redução da jornada de trabalho para 40 horas e a mudança nos critérios das aposentadorias. A direita não tem o menor interesse que os trabalhadores conquistem uma vida com dignidade, que as leis trabalhistas sejam cumpridas.

A direita não se importa com a construção de um País mais justo, que assegure igualdade de oportunidade para todos, que amplie direitos, que trate do bem-estar das pessoas antes do lucro e do sucesso das empresas. Conhecer mais sobre a direita é identificar quem realmente tem prejudicado o Brasil.


Publicado na versão online da revista "Caros amigos", 8 de abril de 2010 às 11:23.

Caracteristicas de um Editorial

O editorial é um tipo de texto utilizado na imprensa, especialmente em jornais e revistas, que tem por objetivo informar, mas sem obrigação de ser neutro, indiferente.

É comum se ter uma seção chamada Editorial na mídia impressa.

Então, a objetividade e imparcialidade não são características dessa tipologia textual, uma vez que o redator dispõe da opinião do jornal sobre o assunto narrado.

Logo, os acontecimentos são relatados sob a subjetividade do repórter, de modo que evidencie a posição da mídia, ou seja, do grupo que está por trás do canal de comunicação, uma vez que os editoriais não são assinados por ninguém.

Assim, podemos dizer que o editorial é um texto mais opinativo do que informativo.

O editorial possui um fato e uma opinião. O fato informa o que aconteceu e a opinião transmite a interpretação do que aconteceu.

Pelas características apontadas acima, podemos dizer que o editorial é um texto: dissertativo, pois desenvolve argumentos baseados em uma ideia central; crítico, já que expõe um ponto de vista; informativo, porque relata um acontecimento.

O jornal que apresenta matérias excessivamente críticas e opinativas e que não possui um ambiente separado para editoriais é considerado “de opinião”!

Contudo, contrariando o fato do editorial levar em consideração a opinião do jornal como um todo, muitos editoriais de revista mostram apreciações feitas por autores que assinam o texto e muitas vezes até mostram o rosto em uma foto!


Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola

Exemplo de Charge



Fonte : http://www.reinaldoferreira.com.br/charge.html

Qual a classificação que se dá ao termo ' Charge ' ?

 A charge é uma ilustração cômica que satiriza de forma crítica os acontecimentos sociais e políticos. Embora seja importante numa charge o seu conteúdo humorístico, ela é feita ainda à mão para preservar seu valor artístico, podendo ser montada ou retocada por computador.

Gênero opinativo

O gênero opinativo vem divido em alguns Formatos:

- Charge
- Editorial
- Carta do Leitor
- Crônica
- Comentários

- Artigos de Opinião.