Reportagem A reportagem é um dos gêneros mais nobres em jornalismo. É na reportagem que se evidenciam os grandes jornalistas. Alem disso, a reportagem é o gênero que permite uma maior criatividade, estando ligada à subjetividade de quem a escreve. No fundo, trata-se do “contar de uma história”, segundo um ângulo escolhido pelo jornalista que a investigou. Feita a investigação, o jornalista parte dos fatos e constrói uma história integrando citações dos personagens que nela participam e/ou citações de documentos importantes para a validação e comprovação dos factos apresentados. Jean-Luc Martin-Lagardette, num livro intitulado “Manual de escrita jornalística: escrevo – informo – convenço”, classifica do seguinte modo a reportagem: “É um gênero muito apreciado por ser um testemunho direto encenado com arte. Anima-o, dá-lhe cores, relevo, humanidade. Exige tempo e disponibilidade pois é necessário ir ao terreno. Utiliza-se o mais frequentemente possível, nem que seja para dar vida a um acontecimento que, sem isso, permanece baço e impessoal”. Destas palavras, depreende-se que o jornalista tem de se mexer, tem de ir ao local onde os fatos decorreram ou decorrem e tem de captar o que lá se passa, mantendo os cinco sentidos alerta. “O repórter é um olho, um nariz e um ouvido inclinados sobre a caneta”, diz ainda Jean-Luc Martin-Lagardette. Por isso, na escrita, deve ser usado o estilo direto, a maior parte das vezes no tempo presente, havendo referência a episódios concretos, havendo imagens, pormenores e expressões. Tudo isto é contado de acordo com a subjetividade de quem conta. Porém, a narrativa terá de ser objeciva e verídica no que respeita aos fatos e aos acontecimentos. Tal como a entrevista, uma reportagem também deve ser preparada. Até porque, uma boa e grande reportagem envolve investigação, seleção das melhores fontes, leitura de documentos, conversa com os diferentes protagonistas ou personagens envolvidos na história e exige que se capte o ambiente onde decorrem ou decorreram os acontecimentos. Logo, nos TPC de uma reportagem há a assinalar o seguinte:
Quanto à estrutura ou corpo da reportagem, convém frisar que esta deve ter uma boa abertura. Ou seja, deve começar de um modo que prenda a atenção do leitor. Portanto, compete ao jornalista selecionar para o início algo que chame de imediato a atenção e que desperte a curiosidade para que o leitor queria ler e perceber o resto da história. É por esta razão que na gíria jornalística o início das reportagem é designado por “ataque”. Geralmente os estudiosos das Ciências da Comunicação identificam três tipos de reportagem:
A estes três modelos, vários autores como Joaquim Letria, no livro “Pequeno breviário Jornalístico: géneros, estilos e técnicas”, acrescentam mais dois sub-tipos: reportagem de prognóstico e de continuidade. São aquelas reportagens que têm a missão de manter vivo um fato relatado ou estabelecem continuidade com outros textos já anteriormente escritos, associados a acontecimentos considerados importantes. Vejamos agora os vários tipos de reportagem, socorrendo-nos das caracterizações feitas por Joaquim Letria no livro que já indicamos: “Na reportagem de ‘acontecimento’, o jornalista oferece normalmente uma visão estática dos fatos, como uma coisa consumada. Pode dizer-se que escreve de fora do que aconteceu, é um observador que contempla o objeto do seu relato, é particularmente útil na descrição, ou seja, nos casos em que estes se apresentam de modo simultâneo e perfeito, não acompanhando a sua evolução no tempo. Já a reportagem de ‘ação’ permite ao jornalista oferecer um tipo de relato dinâmico dos fatos, seguindo o seu ritmo próprio de evolução, como se em condições porventura reais de vivência do processo de desenvolvimento da linha temporal, modelo recomendado para o exercício da narração, o que explica a sua preponderância na massa de noticiário escrito ou audiovisual. A reportagem de ‘citação’, ou entrevista, é geralmente entendida como uma forma de entrevista jornalística. Ou seja, uma reportagem em que se alterna a escrita de palavras do seu autor com citações textuais de personagens interrogadas, cabendo as descrições e as narrações ao jornalista autor do texto. Assumem por vezes a forma de relatos na terceira pessoa, intercaladas com citações de frases exactas de interlocutor ou interlocutores do autor. Independentemente desta caracterização, acontece que, muitas vezes, em histórias mais envolventes e complicadas, é difícil termos apenas um estilo de reportagem. Isto é, a reportagem de citação mistura-se com a de acção e com a de acontecimento. Nessa altura, a melhor estrutura é a que mantém as chamadas “leis da alternância”. Estas permitem construir um texto vivo e com ritmo. |
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
O que se entende por Reportagem?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário